Introdução ao Aprendizado de Máquina: Entendendo os Algoritmos que Impulsionam a Inteligência Artificial

A palavra “aprendizado” sempre nos remete à capacidade humana de adquirir novas habilidades ou conhecimentos a partir de experiências. No entanto, e se dissermos que máquinas também podem aprender? Esta não é uma fantasia de ficção científica, mas uma realidade potente em nosso mundo moderno, conhecida como aprendizado de máquina, um dos pilares que define a revolução da Inteligência Artificial (IA).
Ao compreender como as máquinas aprendem e evoluem, abrimos portas para inovações que antes eram inconcebíveis. Este artigo é uma viagem de descoberta através dos conceitos fundamentais e algoritmos de aprendizado de máquina, projetados para transformar iniciantes em entusiastas informados da IA.
Conteúdo do artigo
O que é Aprendizado de Máquina?
Aprendizado de máquina é um subcampo da IA que dá aos sistemas computacionais a capacidade de aprender e melhorar a partir de experiências sem serem explicitamente programados para isso.
É sobre conceder às máquinas a habilidade de fazer previsões ou tomar decisões com base na análise de grandes conjuntos de dados. Uma simples recomendação de música ou produto, até a identificação precoce de doenças, são todos exemplos práticos de como nossas vidas já estão sendo moldadas por algoritmos de aprendizado de máquina.
Como as Máquinas Aprendem?
A aprendizagem de uma máquina começa com dados – muitos dados. Assim como as crianças aprendem a reconhecer um cachorro ao ver vários exemplos de diferentes raças e tamanhos, as máquinas requerem dados para identificar padrões e fazer generalizações. É um processo iterativo; quanto mais qualidade e diversidade de dados recebem, melhor torna-se a capacidade da máquina de executar suas tarefas.
Tipos de aprendizado de máquina
Existem três tipos principais de aprendizado de máquina: supervisionado, não supervisionado e por reforço. Cada tipo tem seus próprios objetivos, métodos e algoritmos. O gráfico abaixo ilustra os principais tipos, categorizando e dando exemplos de aplicações.

Aprendizado supervisionado
O aprendizado supervisionado é o tipo mais comum e simples de aprendizado de máquina. Neste tipo, nós temos um conjunto de dados rotulados, ou seja, cada dado tem uma entrada e uma saída esperada. O objetivo é encontrar uma função que mapeie as entradas nas saídas, de forma que a função possa prever as saídas de novas entradas.
Por exemplo, se nós temos um conjunto de dados com imagens de gatos e cachorros, e queremos que a máquina reconheça qual animal é cada imagem, nós podemos usar o aprendizado supervisionado para treinar um modelo que receba uma imagem como entrada e retorne um rótulo (gato ou cachorro) como saída.
Por exemplo, um conjunto de dados rotulado de imagens de gatos e cachorros pode ter o seguinte formato:
[imagem, classe]
[imagem de um gato, gato]
[imagem de um cachorro, cachorro]
No exemplo acima, a classe “gato” é a saída desejada para a imagem de um gato.
A aprendizagem supervisionada é utilizada em uma ampla gama de tarefas, incluindo classificação, regressão e agrupamento.
Exemplos de problemas de classificação que podem ser resolvidos com aprendizagem supervisionada:
- Identificar se uma imagem é de um gato ou de um cachorro;
- Identificar se um cliente está prestes a cancelar sua assinatura;
- Identificar se um paciente está com câncer.
Exemplos de problemas de regressão que podem ser resolvidos com aprendizagem supervisionada:
- Prever o preço de uma ação;
- Prever a demanda por um produto;
- Prever a duração de uma vida.
Os principais algoritmos de aprendizado supervisionado são:
- Regressão linear: um algoritmo que encontra uma reta que melhor se ajusta aos dados, de forma a minimizar o erro entre os valores reais e os valores previstos. A regressão linear é usada para problemas de regressão, ou seja, quando a saída é um valor contínuo, como o preço de uma casa ou a nota de um aluno.
- Regressão logística: um algoritmo que encontra uma curva sigmóide que melhor se ajusta aos dados, de forma a maximizar a probabilidade de acertar os rótulos. A regressão logística é usada para problemas de classificação binária, ou seja, quando a saída é um valor discreto com duas opções, como sim ou não, positivo ou negativo, gato ou cachorro.
- Árvore de decisão: um algoritmo que constrói uma estrutura hierárquica de perguntas e respostas, que levam a uma decisão final. A árvore de decisão é usada para problemas de classificação ou regressão, com saídas discretas ou contínuas, e pode lidar com dados categóricos ou numéricos. Por exemplo, se nós queremos decidir se uma pessoa deve ou não jogar tênis, nós podemos usar uma árvore de decisão que faça perguntas sobre o clima, a temperatura, a umidade e o vento, e retorne uma resposta (jogar ou não jogar) em cada folha da árvore.
- K-vizinhos mais próximos (KNN): um algoritmo que classifica uma nova entrada baseado na proximidade com as entradas já conhecidas. O KNN é usado para problemas de classificação, com saídas discretas, e pode lidar com dados categóricos ou numéricos. Por exemplo, se nós queremos classificar uma flor como uma das três espécies de íris, nós podemos usar o KNN para comparar as medidas da flor (comprimento e largura da sépala e da pétala) com as medidas das flores já rotuladas, e escolher a espécie que mais se repete entre as K flores mais próximas.
- Máquina de vetores de suporte (SVM): um algoritmo que encontra um hiperplano que separa os dados em duas classes, de forma a maximizar a margem entre elas. O SVM é usado para problemas de classificação binária, com saídas discretas, e pode lidar com dados numéricos. Por exemplo, se nós queremos classificar se um tumor é benigno ou maligno, nós podemos usar o SVM para encontrar um hiperplano que separe os tumores baseado em suas características, como o tamanho, a forma e a textura.
- Rede neural artificial (RNA): um algoritmo que simula o funcionamento do cérebro humano, com camadas de neurônios conectados por pesos. A RNA é usada para problemas de classificação ou regressão, com saídas discretas ou contínuas, e pode lidar com dados categóricos ou numéricos. Por exemplo, se nós queremos reconhecer dígitos escritos à mão, nós podemos usar uma RNA para receber uma imagem como entrada, processá-la através de várias camadas de neurônios, e retornar um dígito como saída.
Aprendizado não supervisionado
O aprendizado não supervisionado é o tipo mais complexo e desafiador de aprendizado de máquina. Neste tipo, nós temos um conjunto de dados não rotulados, ou seja, cada dado tem apenas uma entrada, sem uma saída esperada. O objetivo é encontrar padrões, estruturas ou agrupamentos nos dados, de forma a extrair informações úteis ou reduzir a dimensionalidade.
Por exemplo, se nós temos um conjunto de dados com as características de vários clientes, e queremos segmentá-los em grupos homogêneos, nós podemos usar o aprendizado não supervisionado para encontrar os critérios de agrupamento e os perfis de cada grupo.
Agora voltando aos gatos e cachorros, um conjunto de dados não rotulado de imagens de gatos e cachorros pode ter o seguinte formato:
[imagem]
[imagem]
[imagem]
No exemplo acima, o objetivo do algoritmo de aprendizado de máquina é identificar padrões nos dados não rotulados para que ele possa aprender a distinguir gatos de cachorros.
A aprendizagem não supervisionada é utilizada em tarefas como agrupamento, redução de dimensionalidade e detecção de outliers.
Exemplos de problemas de agrupamento que podem ser resolvidos com aprendizagem não supervisionada:
- Agrupar clientes com base em seus dados demográficos;
- Agrupar produtos com base em suas características;
- Agrupar genes com base em sua função.
Exemplos de problemas de redução de dimensionalidade que podem ser resolvidos com aprendizagem não supervisionada:
- Reduzir um conjunto de dados de alta dimensionalidade para um conjunto de dados de baixa dimensionalidade;
- Eliminar ruído de um conjunto de dados.
Exemplos de problemas de detecção de outliers que podem ser resolvidos com aprendizagem não supervisionada:
- Identificar dados que estão fora da curva;
- Identificar dados inválidos.
Os principais algoritmos de aprendizado não supervisionado são:
- K-means: um algoritmo que divide os dados em K grupos, de forma a minimizar a distância entre os dados e os centros dos grupos. O K-means é usado para problemas de agrupamento, ou seja, quando queremos separar os dados em subconjuntos distintos, sem saber previamente quais são esses subconjuntos. Por exemplo, se nós queremos agrupar os clientes de uma loja em K perfis, nós podemos usar o K-means para encontrar os centros dos perfis e atribuir cada cliente ao perfil mais próximo.
- Análise de componentes principais (PCA): um algoritmo que reduz a dimensionalidade dos dados, de forma a preservar a maior parte da variância. O PCA é usado para problemas de redução de dimensionalidade, ou seja, quando queremos simplificar os dados, eliminando as características menos relevantes ou redundantes. Por exemplo, se nós temos um conjunto de dados com 100 características, e queremos reduzi-lo para 10 características, nós podemos usar o PCA para encontrar as 10 combinações lineares das características originais que mais explicam a variância dos dados.
- Agrupamento hierárquico: um algoritmo que constrói uma estrutura em árvore dos dados, de forma a mostrar as relações de proximidade entre eles. O agrupamento hierárquico é usado para problemas de agrupamento, quando queremos visualizar os dados em diferentes níveis de granularidade. Por exemplo, se nós queremos agrupar os países do mundo em continentes, regiões, sub-regiões etc., nós podemos usar o agrupamento hierárquico para criar um dendrograma que mostre as distâncias entre os países e os agrupamentos em cada nível.

Aprendizado por reforço
O aprendizado por reforço é o tipo mais dinâmico e interativo de aprendizado de máquina. Neste tipo, nós temos um agente que interage com um ambiente, e recebe recompensas ou punições por suas ações. O objetivo é encontrar uma política que maximize o valor esperado das recompensas a longo prazo.
Por exemplo, se nós queremos que a máquina aprenda a jogar xadrez, nós podemos usar o aprendizado por reforço para treinar um agente que receba o estado do tabuleiro como entrada, escolha um movimento como ação, e receba uma recompensa ou punição como saída, dependendo do resultado do jogo.
Exemplos de problemas que podem ser resolvidos com aprendizagem por reforço:
- Jogar xadrez;
- Jogar futebol;
- Dirigir um carro;
- Controlar uma planta industrial.
Os principais algoritmos de aprendizado por reforço são:
- Q-learning: um algoritmo que aprende uma função que estima o valor de cada ação em cada estado, de forma a escolher a ação que maximize o valor futuro. O Q-learning é usado para problemas de controle ótimo, ou seja, quando queremos encontrar a melhor ação para cada situação. Por exemplo, se nós queremos que a máquina aprenda a dirigir um carro, nós podemos usar o Q-learning para treinar um agente que receba a situação do trânsito como entrada, escolha uma ação como acelerar, frear ou virar, e receba uma recompensa ou punição como saída, dependendo da segurança e da eficiência da ação.
- Política de gradiente: um algoritmo que aprende uma função que estima a probabilidade de cada ação em cada estado, de forma a escolher a ação que maximize a recompensa média. A política de gradiente é usada para problemas de controle estocástico, ou seja, quando queremos encontrar a melhor ação para cada situação, considerando a incerteza e a variabilidade. Por exemplo, se nós queremos que a máquina aprenda a jogar um jogo de tabuleiro, nós podemos usar a política de gradiente para treinar um agente que receba o estado do jogo como entrada, escolha uma ação como mover uma peça, e receba uma recompensa ou punição como saída, dependendo do resultado do jogo.
- Aprendizado profundo por reforço: um algoritmo que combina o aprendizado por reforço com o aprendizado profundo, usando redes neurais artificiais para representar as funções de valor ou de política. O aprendizado profundo por reforço é usado para problemas de controle complexos, que envolvem estados e ações de alta dimensão, e que requerem generalização e abstração. Por exemplo, se nós queremos que a máquina aprenda a jogar um jogo de vídeo, nós podemos usar o aprendizado profundo por reforço para treinar um agente que receba a tela do jogo como entrada, escolha uma ação como pressionar um botão, e receba uma recompensa ou punição como saída, dependendo do score do jogo.
Conclusão
Embora esta seja apenas a ponta do iceberg do aprendizado de máquina, é claro que seu impacto já é sentido em quase todos os aspectos de nossas vidas. À medida que a tecnologia avança, a capacidade das máquinas de aprender e se adaptar continuará a abrir novos horizontes, revolucionando o mundo como o conhecemos.
Neste artigo, nós vimos o que é o aprendizado de máquina, uma das principais áreas da inteligência artificial, que estuda como as máquinas podem aprender a partir de dados e realizar tarefas complexas. Nós vimos também quais são os tipos de aprendizado de máquina (supervisionado, não supervisionado e por reforço), e quais são os principais algoritmos de cada tipo. Nós vimos exemplos de problemas que podem ser resolvidos com aprendizado de máquina, como classificação, regressão, agrupamento etc.
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